sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tradições: os casamentos em Algoso




(...) Em Algoso o noivo oferece à nubente o vestido e paga as despesas do casamento; em câmbio ela oferece-lhe a camisa e faz as despesas do jantar no dia da boda.
   A noiva veste de preto, mas lenço branco ou claro, e o noivo leva sempre capa. À saída da igreja as raparigas formam dois arcos distanciados um do outro, com lenços de seda, fitas, flores e cordões de ouro pendentes e não deixam passar ninguém sem dar algum dinheiro para enfeites de Nossa Senhora. A estes arcos chamam talanqueiras e o padrinho e a madrinha do casamento (testemunhas) é que desempenham (pagam a esmola) e junto a eles são recitadas as loas. Os convidados do jantar oferecem presentes aos nubentes. Aos assistentes que os foram acompanhar até à porta de casa dão pão e vinho, distribuindo ao mesmo tempo amêndoas por eles ou lançando-as ao ar com grande reboliço da rapaziada que as apanha. Depois do jantar segue a'strunfa (saída e divertimentos). No dia seguinte os nubentes vão levar às pessoas amigas, que não puderam assistir ao casamento, as amendoas e, se algum dos nubentes é de outra povoação, vem sua familia e amigos à chamada torna-boda, sendo frequente irem esperá-los num carro de bois enfeitado em arco e puxado por rapazes solteiros.

Este costume do carro também é aplicado quando vem pároco de novo para a freguesia. Estas praxes casamenteiras são, com pequena diferença, gerais pelo distrito de Bragança; todavia agradecemos ao Sr. Luís de Meneses e Vasconcelos as informações que remeteu ao amigo Francisco Anacleto Pereira e este a nós.

Muitos destes costumes já vêm dos romanos, como mostramos nos lugares abaixo citados.

Assim as loas recordam o Epithalamium; as amendoas, o mestaceum; as talanqueiras, a coempcio do paganismo.

Também é crença em Algoso e noutras terras do concelho do Vimioso que na noite de núpcias o conjugue que apagar a candeia é o primeiro a morrer. (...)



ALVES, Francisco Manuel; AMADO, Adrião Martins. Vimioso. Notas monográficas. Coimbra: 1968.

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