Castelos da Terra Fria






Castelo de Penas Róias








O Castelo de Penas Róias localiza-se na povoação e Freguesia de mesmo nome, Concelho de Mogadouro, Distrito de Bragança, em Portugal.
Antigo castelo templário na região de Trás os Montes e Alto Douro, integrava, à época da constituição da nacionalidade portuguesa, juntamente com os castelos de Algoso, Mogadouro, Miranda do Douro, Vimioso e Bragança, o chamado núcleo duro do Nordeste transmontano. Das suas ruínas contempla-se a Igreja de Azinhoso e, ao longe, Mogadouro, integrando, na atualidade, a Área Turístico-Promocional de Montanhas.

História



Antecedentes

 

Pouco se sabe acerca da primitiva ocupação humana desta região. Os testemunhos arqueológicos apontam uma ocupação proto-histórica do local, que poderá estar relacionada a um castro. À época da Invasão romana da Península Ibérica, encontrava-se abandonado.

O castelo medieval

 

À época da Reconquista cristã da península, a região foi inicialmente conquistada pelo reino de Leão.
Com a afirmação do reino de Portugal, diante do estabelecimento da Capital em Coimbra, tornou-se imperativa a sua defesa ativa. Para esse fim, D. Afonso Henriques (1112-1185) delegou aos cavaleiros da Ordem dos Templários o encargo de fortalecer os acessos a Sul e a Leste do rio Mondego, doando-lhes, a partir de 1145, diversos domínios como os de Mogadouro e outros, em Trás-os-Montes.

Os domínios de Penas Róias foram doados, em 1145, à Ordem, por Fernão Mendes de Bragança, tenens da Terra de Bragança, circunscrição na qual a localidade estava inserida. Essa época coincide com testemunhos arqueológicos da sua ocupação no século XII, ou um pouco antes, já ao final do XI, o que sugere, para alguns autores, a prévia existência de um reduto defensivo no local, fato que poderia ser atestado pelos vestígios de torreões de planta circular (típicos de estruturas leonesas na margem direita do rio Côa, nesse período) que subsistem nos vértices do castelo.

Embora tradicionalmente se afirme a data de 1166 como a de início da construção do Castelo de Penas Róias, sob a direção do Mestre da Ordem D. Gualdim Pais, a inscrição epigráfica na Torre de Menagem encontra-se bastante deteriorada. É possível, entretanto, ler-se a data como Era 1210 (da Era Hispânica, correspondente ao ano de 1172 da Era Cristã) ou ainda Era 1219 (correspondente a 1181). Alguns autores pretendem ler nela o nome de Gualdim Pais, o que não é plenamente verificável. De qualquer modo, os trabalhos contaram com o seu patrocínio direto, uma vez que a torre (e o castelo) inscrevem-se no movimento maior de construção de castelos templários no país, todos assinalados por inscrições epigráficas e empreendidos por Gualdim Pais, como os de Almourol, Longroiva, Tomar e outros.
Sob o reinado de D. Sancho I (1185-1211), empreendeu-se novo esforço de repovoamento da vila, que passou a sede de Concelho. Nesta fase, a Ordem deslocava a sua atuação mais para o Sul, para a Beira Baixa, tendo recebido os domínios de Idanha-a-Velha e de Monsanto, em 1165 (os da primeira confirmados em 1197), e uma parcela junto à Vila Velha de Ródão, em 1199. O castelo dominava, à época, a pequena povoação de Penas Róias, ligeiramente afastada.

Posteriormente, sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279), a vila encontra-se referida nas Inquirições de 1258, tendo recebido Carta de Foral, juntamente com Mogadouro, em 1272, foral esse renovado a Penas Róias no ano seguinte (1273).
Diante da extinção da Ordem do Templo, D. Dinis (1279-1325) transferiu os domínios de Penas Róias para a Ordem de Cristo (1319), acreditando-se que tenham tido lugar trabalhos de recuperação e reforço das defesas à época.
Conforme a iconografia de Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), a vila encontrava-lhe murada. Nesta fase, D. Manuel I (1495-1521) concedeu-lhe o Foral Novo (1512).

Do século XX aos nossos dias

 

Com a cerca da vila de há muito desaparecida, o castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 20 de Março de 1945.
Em 1977 vieram à luz restos de colunas quando se lavrava um campo próximo. A intervenção do poder público fez-se sentir entre 1977 e 1978, quando foram procedidos trabalhos de consolidação e reparos nas muralhas e na Torre de Menagem, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Do antigo castelo templário, são visíveis atualmente apenas uma torre (fechada ao público) e os vestígios de antigas muralhas e cubelos medievais.

Características

 

O castelo, vizinho à povoação, foi erguido em estilo românico, tendo as suas muralhas sido reforçadas por quatro cubelos (dois facetados e dois cilíndricos).
Ao centro da praça de armas ergue-se a torre de menagem, de planta quadrangular, com cinco metros de lado, em aparelho simples de xisto quartzítico, argamassado. Nos alçados Leste e Sul, rasgam-se janelas em cantaria. A Oeste rasga-se a única porta, a seis metros de altura, também em cantaria. Era primitivamente acedida por uma escada de madeira, amovível. No lintel, inscreve-se a cruz pátea templária e uma inscrição epigráfica, que é traduzida como: Gualdim Pais, mestre geral dos Templários, mandou fazer o castelo de Pena Roia, iniciando os trabalhos a 4 das Calendas de ... era de 1204 sendo freires assistentes frei João Francisco ..., fonte da datação normalmente aceite de 1166 da Era Cristã. Internamente a torre era dividida em três pavimentos.
Próximo a esta torre existe uma pequena torre circular com uma base em talude de execução recente.
A povoação foi outrora envolvida por uma cerca amuralhada.


Cronologia



1172 (ou 1181) - Data apontada por Mário J. Barroca, como a mais provável, para o início da construção do castelo de Penas Róias, segundo iniciativa de D. Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, segundo interpretação da inscrição gravada no lintel e ombreira da porta da Torre de Menagem (BARROCA, 2000, p. 378);
1187, Maio - Jun. - Penas Róias recebe foral;
1197, 23 Jan. e 5 Jul. - D. Sancho I, em agradecimento aos serviços prestados pela Ordem do Templo, doa-lhe a vila de Idanha-a-Velha e em troca recebe os castelos e as igrejas de Penas Róias e Mogadouro;
1258 - Nas Inquirições de D. Afonso III, faz-se alusão a Penas Róias e ao senhor terra-tenente de Bragança D. Fernando Mendes de Bragança que ocupou a tenência entre 1128 e 1145;
1272 - Concessão de foral por D. Afonso III a Penas Róias e Mogadouro;
1273 - Confirmação do foral de Penas Róias por D. Afonso III;
1319 - Depois da fundação da Ordem de Cristo, Penas Róias passa para aquela Ordem;
1457 - Comprada por Álvaro Pires de Távora; c. 1510 - Segundo os desenhos de Duarte de Armas, o castelo era antecedido por um pequeno pano de muralha no sopé S. do penhasco em que se elevava, com passagem por um vão em arco pleno, sendo notório um rombo à dir. do mesmo; do lado NO., adossado ao castelejo, o "muro da vila" medieval (entretanto abandonada e reerguida extra-muros), de forma circular, irregular, baixo e semi - arruinado, onde se salientam 2 cubelos cilíndricos; a barbacã era constituída apenas por um pequeno pano de muralha curvo, a S., provido de porta em arco pleno, entre dois torreões do castelejo, este de planta aproximadamente trapezoidal, irregular, provida de 1 torre quadrangular, à dir. da barbacã, 2 cubelos circulares a E. e um corpo estreito, avançado e projectado para o exterior, em forma de Z, terminando em torreão quadrangular, à esq. da barbacã, e sob o qual se abria túnel abobadado de berço estabelecendo a passagem da barbacã para a antiga vila e desta para para o interior do castelejo, por meio de porta aberta a O., em arco pleno; do lado E., junto a um dos cubelos, rasgava-se outra porta de igual perfil; as muralhas, os cubelos e as torres estavam, à época, superiormente arruinados não sendo possível identificar o tipo de remate que possuíam; do lado N.aparecia sobre a muralha o registo superior da parede de 2 dos 4 "aposentamentos" erguidos na praça de armas, com 2 janelas, uma rectangular e outra em arco pleno, e cobertura em telhado; "fundada sobre penedos" elevava-se a torre de menagem, em losango, com porta a NO. e janelas em arco pleno no último registo, nas quatro faces, sob as quais emergem o que aparentam ser apoios de balcões (inexistentes); remate de merlões (faltando alguns); interiormente era "toda vã e sem sobrados"; extramuros localizava-se uma cisterna, seca, e, a SO., estendia-se a nova vila, de casario térreo com coberturas de colmo e de telha de meia-cana, sobressaíndo uma igreja e um pelourinho de gaiola; do lado oposto um vale onde corria uma ribeira e, do lado N., no sopé do penhasco, existia um pomar cercado por muro baixo;
1512 - D. Manuel dá foral novo a Penas Róias;
1758 - As "Memórias Paroquiais" referem que o castelo, a N. da vila, se encontrava arruinado, com muros "de pedra de seixo bruto", estando a torre, "de quatrop esquinas", ainda "bem segura e fabricada do mesmo seixo bruto" com paredes altas e porta "levantada mais de trinta palmos" com um letreiro ilegível;
1759 - Na sequência do processo dos Távoras, a povoação passa para a Coroa; 1836 - Extinção do Concelho e consequente declínio da povoação levando a população a reaproveitar os materias de construção do castelo;
séc. 20, início - ainda eram visíveis alguns dos cubelos que integravam o castelo e a antiga cerca da vila, bem como de uma porta que ligava o castelo à povoação;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92.






Castelo de Mogadouro




O Castelo de Mogadouro, em Trás-os-Montes, localiza-se na povoação, Freguesia e Concelho de mesmo nome, no Distrito de Bragança, em Portugal.
Na vertente norte da serra de Mogadouro, a antiga vila e seu castelo constituíram, nos alvores da nacionalidade, um importante ponto estratégico sobre a linha lindeira. Comenda da Ordem dos Templários, posteriormente sucedida pela Ordem de Cristo, atualmente inclui-se na Área Turístico-Promocional das Montanhas.

História

 

Antecedentes

 

A primitiva ocupação de seu sítio remonta a um castro pré-histórico, que se acredita posteriormente romanizado. A região apresenta ainda vestígios da ocupação dos Visigodos, sucedidos, a partir do século VIII pelos Muçulmanos, que, na opinião de alguns estudiosos, lhe legaram a toponímia. Por aqui passava então uma via secundária, cruzando a região de Norte a Sul, ligando-a à atual Astorga (a chamada Estrada Mourisca).

O castelo medieval

 

A época da Reconquista cristã da península Ibérica, e desde a fundação da nacionalidade portuguesa, a região de Miranda do Douro foi palco de numerosas batalhas, vindo os castelos de Mogadouro e Penas Róias, juntamente com os de Algoso, Miranda do Douro, Outeiro de Miranda e Vimioso a integrar a primeira linha de defesa do Nordeste de Portugal, controlando a antiga Estrada Mourisca.

A constituição do reino de Portugal havia determinado a defesa ativa da capital, Coimbra. Para essa tarefa, D. Afonso Henriques (1112-1185) recorreu aos cavaleiros da Ordem dos Templários, a quem incumbiu da proteção dos acessos a Sul e a Leste do rio Mondego. Para esse fim, em 1145, a Ordem recebeu os domínios de várias localidades transmontanas, como Mogadouro e Penas Róias. Anos depois, o seu património fundiário estendeu-se à Beira Baixa, com a doação de Idanha-a-Velha e Monsanto.

O Castelo de Mogadouro foi erguido neste contexto, de 1160 a 1165. Visando incrementar o povoamento e defesa da região, o rei D. Afonso III (1248-1279) passou Carta de Foral à vila (27 de Dezembro de 1272), título confirmado no ano seguinte (Santarém, 18 de Dezembro de 1273), ampliado com algumas disposições e então comum a Penas Róias.

Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), a vila teve o seu foral renovado (1297), iniciando-se uma cerca para a sua defesa. São Mamede de Mogadouro constituía-se numa comenda dos Templários e, nessa época, foi elevada à categoria de priorado da Ordem. Em 1311, diante da extinção da Ordem, os seus domínios (e esta comenda) passaram para a Ordem de Cristo.

Acredita-se que tenha sido objeto de reparos no reinado de D. João II (1481-1495), que o pode ter conhecido de passagem, no Outono de 1483, em trânsito de Lamego a Vila Real e Bragança, recolhendo ao Porto após ter visitado alguns outros lugares de Trás-os-Montes, como registrado por Rui de Pina e por Resende; sendo assim, o Castelo de Mogadouro não deixaria de ser um daqueles cujo reparo o mesmo monarca fez anos depois encomendado a Cristóvão de Baião, cavaleiro da Casa Real.

A vila e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), quando se encontrava bem conservado. Data desse período, em 1512, o Foral Novo, concedido por D. Manuel (1495-1521), sendo alcaides-mores os Távoras, que desde o século XV fizeram edificar um soberbo palácio, vindo a assumir importante papel na defesa de Trás-os-Montes ao final do século XVII, durante a Guerra da Restauração de independência portuguesa.
Na segunda metade do século XVIII, diante do trágico destino dos Távoras, e com a perda da função defensiva, o castelo foi progressivamente abandonado, caindo em ruínas.

Do século XX aos nossos dias

 

O castelo foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 2 de Janeiro de 1946. A intervenção do poder público fez-se sentir a partir de 1950, pela ação da DGEMN, na consolidação e reparos da torre de menagem e dos restos das muralhas, além de diversos serviços de limpeza, restauração, reconstrução, conservação e beneficiação. Em nossos dias, um ataque de vandalismo acarretou a destruição do corrimão de acesso à torre, sua porta, e material arqueológico em exposição em seu interior.

Características

 

Exemplo característico da arquitectura militar medieval, em parelho de granito e xisto argamassado com barro, conservam-se dois panos de muralha, ligando um deles a torre quadrada a um cubelo.
A torre apresenta planta quadrangular, em aparelho incertum. Vizinha a esta, uma outra torre de construção mais recente, também de planta quadrada (Torre do Relógio?), ergue-se apresentando cantaria nos vértices e aparelho incertum a meio. É dividida internamente em três pavimentos, o último preparado para receber sinos, rematado em pirâmide. É encimada, nos vértices, por quatro pináculos de granito.
Um pouco mais abaixo vêm-se os restos da cintura de muralhas da vila.



Cronologia


1160 / 1165 - Construção do castelo, num local onde se desenvolvia um importante núcleo habitacional;
1186 - Mogadouro é referido nas doações feitas pelo "Braganção" Fernão Mendes aos Templários; 1197 - Mogadouro e Penas Róias, passam para as mãos do rei que por troca com Idanha;
1199 - As igrejas de Mogadouro passam para o padroado real;
1223 - Mogadouro é novamente pertença dos Templários mas as igrejas continuam no padrado real; 1272 - D. Afonso III concede foral a Mogadouro e Penas Róias;
1273 - D. Afonso III concede novamente foral;
1311 - O senhorio estava nas mãos dos Templários e instituiu-se em comenda;
1319 - Transferiu-se para a Ordem de Cristo;
séc. 14 - Obras nas muralhas;
1383 - Mogadouro toma o partido de Castela na crise dinástica;
1433 - Doação a Álvaro Pires de Távora, cujo pai já fora alcaide do castelo;
1483 - D. João II visista a povoação, conforme refere a Crónica de Rui de Pina;
1507 - O Tombo da Comenda da Ordem de Cristo descreve a alcáçova como "uma casa que se diz ser já em outro tempo aposentamento do prior e ora é estrebaria de Álvaro Pires de Távora, e parte ao levante e poente com casas do dito Álvaro Pires, ao aguião (= norte) entesta no muro e ao avrego (= sul) parte com o pátio do dito castelo. É térrea e leva de longo quatro varas e meia de medir pano e outras tantas de largo";
1509 / 1510 - Duarte D'Armas desenha o castelo representando-o com uma barbacã de planta elíptica irregular e rematada por merlões, exceptuando "uma barreira derribada a mor parte e sem ameias e assi é o muro de dentro", a que se adossa, no canto, uma pequena torre quadrangular que "é começada"; o castelejo é poligonal irregular com duas torres salientes a N., uma pentagonal e outra quadrangular e um cubelo semi-cilíndrico junto desta, todos ameiados; no interior dispunham-se em redor da praça de armas 2 "pardieiros" e 11 "aposentos", rectangulares e trapezoidais, alguns sobradados e telhados, providos de chaminés cilíndricas (antigas construções da Ordem); a torre de menagem, rectangular, era iluminada por frestas, "toda vã e fundada sobre penedo" à qual se adossavam os "aposentamentos sobradados" da alcáçova, Paço dos Távoras, composta por 3 corpos rectangulares de alturas diferentes: o que se encostava à torre de menagem era o mais baixo, aberto por uma janela em arco pleno e 4 rectangulares, o central, mais elevado, com 2 pisos iluminados cada um por uma janela em arco pleno com balcão de madeira e rematado por merlões, e o extremo, um pouco mais baixo que o anterior, com janelas de arco pleno no 1º registo e rectangulares no 2º, com remate de merlões, tendo na fachada oposta um registo superior projectado em avançamento, com uma porta e uma janela em arco pleno, suportado por traves de madeira; sob este uma janela quadrada gradeada aberta no pano de muralha a que se ligava outro corpo rectangular, inferiormente aberto por porta em arco pleno, e duas janelas em arco pleno no registo superior, frontal e lateralmente, coberto por telhado onde se elevavam 2 chaminés; o acesso à alcáçova era feito por meio de escada de 2 lanços em ângulo recto sob a qual se abria a passagem para a praça de armas, tendo quase defronte um poço circular; extramuros: do lado E. adossava-se à barbacã um cercado de coelhos e, do mesmo lado, estendia-se a vila com o seu pelourinho de gaiola; do lado oposto as casa da periferia da povoação, uma igreja com uma torre campanário adossada, junto da barbacã, e mais afastado um cruzeiro e cinco casas com logradouro cultivado;
séc. 17 - Construção da torre do relógio;
séc. 18 - Nas gravuras da época surge a denominação de "Palácio, a que chamam castelo";
séc. 20, déc. 90 - A torre foi alvo de vandalismo tendo sido destruido o corrimão, a porta de entrada e o material arqueológico depositado no interior;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92;
1993 - o Inverno muito rigoroso provocou estragos na torre do relógio.



Castelo de Vinhais





O Castelo de Vinhais localiza-se em Vinhais, distrito de Bragança, em Portugal.
Castelo da raia, a sua proximidade e as facilidades de comunicação com Castela influenciaram a sua história, cuja posse oscilou entre ambos os reinos no século XV.

História

 

Antecedentes

 

A ocupação humana da região remonta à época pré-histórica, conforme os testemunhos arqueológicos, nomeadamente Arte rupestre, e os monumentos megalíticos (dólmen]]s) e castros.
Vinhais foi, primitivamente, um castro de povoamento galaico que, no contexto da Invasão romana da península Ibérica foi transformado em castro galaico-romano, com o seu "oppidum". Acerca da localização dessa primitiva povoação os estudiosos dividem-se entre três hipóteses:
  • num outeiro próximo à margem direita do rio Tuela, um pouco a norte do atual sítio;
  • no monte da Vidueira; ou
  • no monte Ciradela ou Ciradelha, na serra da Coroa.

Essas suposições justificam-se pelo aparecimento de moedas romanas[1], vestígios de edificações da antiga cidade romana de Veniatia, e da estrada militar romana que ligava Braga a Astorga (Asturica Augusti).

Diante das Invasões bárbaras da península Ibérica, certamente os Suevos ou os Visigodos cercaram a povoação de muralhas, ampliadas ou reforçadas no contexto da Invasão muçulmana da península Ibérica. Com a expulsão destes últimos, a povoação terá sido arrasada e abandonada.

O castelo medieval

 

A povoação de Vinhais é fruto das iniciativas de centralização do território de Trás-os-Montes nas chamadas "vilas novas", sob controle direto da Coroa, melhor aparelhadas para atrair e organizar as populações. Uma primeira tentativa para a sua constituição registra-se sob o reinado de D. Sancho II (1223-1248), uma segunda, sob o de seu irmão e sucessor, D. Afonso III (1248-1279) que lhe outorgou foral em 20 de Maio de 1253, até que se constituiu a vila, "num cabeço fronteiro a Crespos", onde já existia um núcleo de povoamento organizado em torno da Igreja de São Facundo.[2].

Em meados do século XIII encontra-se a referência a Vinhais num documento de doação ao mosteiro leonês de São Martinho da Castanheira: "(...) in villa que vocitant Villar de Ossus in territorio Vinales". Vinhais, à época, não era um topónimo, mas sim um coronómio, visto que designava uma região, um território e não um lugar determinado.

Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), quando da elaboração do Catálogo de 1320-1321, não se encontra referida a sua Igreja Paroquial, o que indica que, tanto o templo quanto a fortificação terão tido construção bastante demorada. Datará do reinado deste soberano, possivelmente do final do século XIII a conclusão da cerca da vila, amparada por cinco ou seis torres, duas das quais flanqueando o portão. Por não possuir alcáçova, a torre de menagem integrava-se à cerca.
 Sob o reinado de D. Fernando (1367-1433), o castelo foi ocupado por forças de Castela, entre 1369 e 1371.
Durante a crise de 1383-1385, o Alcaide-mor de Vinhais tomou partido por D. Beatriz, vindo posteriormente a reconhecer a soberania de D. João I (1385-1433). Esse processo não terá sido pacífico, uma vez que o seu Alcaide-mor, João Afonso Pimentel, revoltou-se em 1397 contra o soberano, passando-se para Castela, tendo a praça voltado à posse portuguesa apenas em 1403.

Sob o reinado de D. Afonso V (1438-1481), estando os domínios da povoação e seu castelo na família dos condes de Atouguia, o castelo foi objeto de reformas.
Posteriormente, sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), o castelo encontra-se figurado por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), de onde se pode depreender o mau-estado geral da fortificação: ao lado do portão principal, a face interna da torre de menagem, voltada para a vila, apresenta ruína e duas das torres restantes mostram desgaste nas fundações. Este soberano outorgou o Foral Novo à vila em 4 de Maio de 1512.

Do século XVI aos nossos dias

 

A partir do século XVI, apesar de se terem edificado uma barbacã e torreões complementares, a fortificação assistiu uma série de edificações serem adossadas aos antigos muros com o crescimento da povoação. Afirma-se que, em 1527, as muralhas já estavam parcialmente derruídas.
No contexto da Guerra da Restauração (1640-1668), a povoação e seu castelo sofreram assédio:
"Em 1666, achando-se em Lisboa o III conde de S. João da Pesqueira (futuro 1º Marquês de Távora, criado por D. Pedro II Regente, de 7 de Janeiro de 1670), governador de Entre Douro e Távora (...). entretanto, o general galego D. BALTAZAR PANTOJA, pôs a ferro e fogo a província de Trás-os-Montes. Em 1 de Julho 1666 entrou por Montalegre, no dia 13 de Julho caiu sobre Chaves, no dia 14 de Julho os lugares de Faiões e Santo Estêvão, defendidos pelo sargento-mór ANTÓNIO DE AZEVEDO DA ROCHA, cometendo barbaridades. Recolhendo-se D. BALTAZAR PANTOJA a Monterey, praça galega ao Norte de Verim, e passados poucos dias volveu sobre Portugal, entrando por Monforte, veio pôr cerco a Vinhais, cercando com o seu exército o castelo, que era defendido pelo governador ESTÊVÃO DE MARIS, com os habitantes da vila e mais 50 auxiliares." (Pinho Leal. Portugal Antigo e Moderno.)
Este acontecimento ficou registado numa inscrição que chegou até aos nossos dias, na parede de uma casa que Estêvão de Maris, defensor de Vinhais, mandou fazer:
"ESTÊVÃO DE MARIS, GOVERNADOR DES / TA VILA DE VINHAIS, Fº DE Rº DE MORAIS DE TIO / ZELO, MANDOV FAZER ESTAS CASAS / NA E. DE MDCCVI (?) QUANDO PANTOXA / G L DO EXÉRCITO DE GALIZA COM O / MAIOR Q. SE VIO NESTA PROVÍNCIA / E LHE DEFENDEO A MURALHA CÕ / A GENTE NOBRE DA VILA E POV / QVA MAIS DE GRÃ E CÕ PERDER MVTÃ / LEVANTOU O SITIO E QUEIMOU AS / CASAS QUE FICAVÃO FORA DA MVRALHA"
Embora nos séculos XVII e XVIII tenham sido promovidas algumas reparações, estas foram de pequena monta.
No século XX, os remanescentes do castelo foram classificados como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 28 de Junho de 1947.

No início da década de 1960, a Câmara Municipal tentou demolir esses remanescentes, ao que a população se opôs, mobiliando-se em torno da sua memória. Como resultado, foram promovidos trabalhos de consolidação e restauro, a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), no que sobrou: três portas, duas torres e alguns troços da antiga cerca, no lado Leste da povoação.
Recentemente, denúncias têm dado conta de uma das antigas torres, no centro histórico de Vinhais, está prestes a ruir, colocando em risco pedestres e veículos.

Características

 

Embora não tenha restado muito do antigo conjunto medieval, sob o reinado de D. Dinis ele era integrado por uma cerca com planta no formato oval irregular, reforçada por cinco ou seis torres, duas das quais flanqueavam o portão principal. Sem que possuísse alcáçova, a torre de menagem estava integrada à cerca, o que confirma a tipologia gótica da fortificação.

Da figuração que nos foi legada por Duarte de Armas no início do século XVI, a torre de menagem destaca-se no conjunto, defendendo o portão principal. Este portão era encimado por um sólido torreão, apoiado, na face externa, em dois pilares de formato retangular. Uma segunda porta rasgava-se na barbacã, fronteira à torre de menagem. Voltada para o vale, rasgava-se uma porta de menores dimensões, ladeada por dois cubelos ameados. Além destes, a cerca, com um perímetro de cerca de 500 passos, era reforçada por mais três cubelos de planta quadrangular. Junto ao cubelo a Oeste, abria-se o poço, servido por uma escada sinuosa, adossada à barcabacã. No espaço assim delimitado erguiam-se as habitações e a Igreja de Nossa Senhora da Assunção.


Cronologia:

Séc. 13, 1.ª metade - provável construção de uma fortificação a proteger a vila medieval, com designação diferente da actual e cujo processo fundacional se iniciaria durante o reinado de D. Sancho II;
1253, 20 Maio - concessão de foral por D. Afonso III, com a criação do concelho, sendo referido o castelo;
1258 - nas "Inquirições" surge referido o castelo;
1279 - 1325 - obras na fortificação por ordem de D. Dinis;
1350 - 1450 - integração do imóvel na rede dos castelos portugueses;
1369 - 1371 - ocupação de Vinhais pelas tropas de D. Henrique, rei de Castela, que termina com a sua devolução a Portugal assinada no Tratado de Alcoutim;
1383 - 1385 - o alcaide de Vinhais toma partido pela causa de D. Beatriz, colocando o castelo ao serviço dos castelhanos;
1397 - ocupação de Vinhais pelas tropas castelhanas, na sequência da traição do alcaide, João Afonso Pimentel a D. João I de Portugal;
1398, 17 Maio - em carta ao rei castelhano, referência à tomada de Bragança e Vinhais na sequência da traição do alcaide;
1400, 1 Junho - pela paz de Segóvia, obrigatoriedade castelhana da devolução de Vinhais ao reino português, a par de Bragança e Miranda do Douro;
1403 - efectiva restituição de Vinhais a Portugal;
1424, 18 Maio - mercê de D. João I das vilas de Vinhais e Bragança, com todos os seus termos, a João Afonso Pimentel e seus descendentes legítimos por linha directa, por serviços prestados;
1433, 4 Dezembro - notícia da outorga, por D. Duarte, a Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1.º Conde de Atouguia, e, com a sua morte, ao seu primogénito varão, do castelo e terra de Vinhais, entre vários outros bens;
1479, 27 Fevereiro - por ordem de D. Afonso V dirigida aos juízes e demais autoridades de Vinhais, cedência a D. Martinho de Ataíde, conde de Atouguia e senhor da vila, de toda a serventia necessária para a reforma ou acabamento das obras do castelo;
1487, 21 Julho - obras ainda não tinham terminado;
1505, 12 Agosto - referência ao conserto do muro e à construção da barbacã;
1509, cerca - representação do castelo na obra de Duarte de Armas *2;
1512, 4 Maio - D. Manuel concede foral, confirmando a vila como sede civil e militar do concelho; 1527 - no "Cadastro do Reino", descrição de Vinhais como sendo uma vila cercada, embora as muralhas se encontrassem parcialmente derrubadas *3; o senhor da vila era D. Afonso de Ataíde, que cobrava todos os direitos e rendas;
séc. 17 - referência à fortaleza como sendo circular, tendo 550 passos de circunferência e mostrando sete torres;
1641, 26 Março - doação de 70 almudes de vinho, pelo padre Pedro Moniz da Silva, abade de São Facundo, para "reformação dos muros desta uilla por ser huma das nesesarias couzas a seu seruiço e estar em huma fronteira"; 1666, Julho - cerco a Vinhais pelos homens do general galego Baltazar Pantojas, no contexto da Guerra da Restauração;
séc. 18 - construção de uma nova igreja matriz no sítio onde se pensava ter estado antes a torre de menagem do castelo, cujas pedras terão sido reaproveitadas na obra;
1912 - 1919 - desempenho de papel de relevo pelo castelo durante o período da "Monarquia do Norte";
1937, 25 Janeiro - referidas as muralhas como estando arruinadas;
1941, 7 Junho - em relatório da Direcção-Geral da Fazenda Pública, descreve-se a fortificação, composta por três torres ligadas por muralha;
1944, 21 Abril - preparação do processo de classificação;
1947, 7 Março - queda de parte da muralha do castelo, obstruindo a entrada nascente e ameaça de ruína de uma das torres;
1954, 15 Novembro - verifica-se a necessidade de consolidar a torre;
1960, 7 Março - a Câmara manifesta a intenção de apear parte de torre desmoronada, cujo estado de ruína se agravara com as intempéries;
8 Julho - a população opôs-se às intenções da Câmara, propondo a consolidação da torre;
1961, 17 Fevereiro - um morador criou um jardim com canteiros na torre;
1969, Junho - alguns pontos da muralha e torres mostram os alicerces;
1961 - proibição de qualquer construção junto à torre arruinada, pois qualquer escavação no terreno provocaria a derrocada;
1970, Agosto - notícia de derrocada de um troço da muralha do castelo, junto do adro da matriz; 2006 - Março - o torreão do castelo encontra-se em perigo de ruir; a DGEMN autorizou a autarquia a recuperar o torreão, com o seu apoio técnico.




Castelo de Miranda do Douro





O Castelo de Miranda do Douro, em Trás-os-Montes, localiza-se na Cidade, Freguesia e Concelho de mesmo nome, Distrito de Bragança, em Portugal.
Castelo de fronteira ligado aos vizinhos de Algoso, Penas Róias e Mogadouro, assim como ao, mais distante, de Bragança, constituíam, no conjunto, o chamado núcleo duro do Nordeste transmontano. Atualmente inscreve-se na Área Turístico Promocional das Montanhas.

História

 

Antecedentes

 

O povoado que originou a atual Miranda do Douro provavelmente já existia quando da Invasão romana da Península Ibérica. Acredita-se que tenha sido ocupado sucessivamente por Suevos, Visigodos atè à conquista pelos Muçulmanos, já em fins do século VIII ou início do IX.

O castelo medieval

 

À época da Reconquista cristã da península Ibérica, as tropas do rei Afonso I das Astúrias alcançaram, já em 857, o curso do rio Douro e a linha Salamanca-Segóvia.
No ano de 1093 os limites orientais da Galiza incluíam o troço mirandino do rio Douro, o mesmo sucedendo quando dela se desmembrou o condado portucalense, sucessivamente governada pelo conde D. Henrique, por sua viúva, a condessa D. Teresa, e pelo filho de ambos, D. Afonso Henriques.

Nesse período a povoação já era defendida por um castelo, arruinado pelas lutas da Reconquista. Desse modo, foi objeto da atenção do primeiro soberano português quando este, entre as campanhas da Galiza, interrompidas em 1135 e recomeçadas em 1137, aproveitou esse breve período de paz para restaurar castelos, mosteiros e igrejas em lugares estratégicos como Miranda do Douro. Visando incrementar o seu povoamento e defesa, a povoação recebeu aforamento em 1136, vindo a se constituir em local de couto e homízio. Desse modo, a povoação foi crescendo em torno do castelo, vindo a receber cerca ou ainda no final do reinado deste soberano, ou no de seu sucessor, D. Sancho I (1185-1211). Nas lutas travadas por D. Sancho I e seu filho e sucessor, D. Afonso II (1211-1223), com Afonso IX de Leão, aquele no último ano do século XII e este nos fins do primeiro quartel do século XIII, as terras de Miranda foram assoladas pelos leoneses, que só devolveram o castelo em 1213. O foral da vila veio a ser confirmado em Coimbra, em 1217.

Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), a povoação teve o seu foral confirmado, com o privilégio de nunca sair da Coroa (Santarém, 18 de Dezembro de 1286), sendo as defesas da vila e seu castelo reedificadas (1294), período em que este monarca invadiu vitoriosamente Castela Velha por Cidade Rodrigo, avançando até Salamanca e Medina del Campo, obtendo a retificação da fronteira pelo Tratado de Alcanices (1297). A partir de então, as defesas de Miranda, melhoradas, assumiram o aspecto de grandeza e solidez construtiva que a muralha da cidade, com suas portas torreadas, e o castelo, através das suas ruínas, testemunham.

O Castelo de Miranda transformado em um dos mais sólidos da raia portuguesa, deteve os repetidos ataques das forças castelhanos ao tempo de D. Fernando (1367-1383), vindo a ser tomado apenas por um ardil. Este monarca fez cunhar moeda em Miranda, identificada por um "M" aposto por cima do escudo das quinas.

Entre as campanhas de melhoramentos destaca-se a de D. João I (1385-1433), que desde a sua aclamação como regente teve a seu lado os representantes dos Távoras, proeminente família em Miranda do Douro e de cujo castelo ele fez alcaide-mor, quando já Rei, em 1385, a Pedro Lourenço de Távora. 

Por se alinhar ao partido de D. João I e por escassez de moradores, a vila foi ocupada em diversas ocasiões, durante o desenrolar da campanha militar que se seguiu, em poder de forças castelhanas. Desse modo, visando incrementar o seu povoamento, aí instituiu o monarca o privilégio do couto para sessenta homiziados (1402, concedendo-lhe, nos anos subseqüentes, outros privilégios.
Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), as suas defesas encontram-se figuradas por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), época em que recebeu o Foral Novo, passado em Santarém a 1 de Junho de 1510.

A paz com os castelhanos trouxe grande prosperidade à vila, que se tornou um dos mais importantes centros de comércio entre os dois países. Miranda do Douro tornou-se diocese e foi elevada à categoria de cidade (Carta Régia de 10 de Julho de 1545). Durante este primeiro período episcopal, de meados do século XVI a meados do século XVIII gozou o seu maior esplendor, como capital de Trás-os-Montes, único bispado da província e importante centro militar. Os acontecimentos militares posteriores vieram a causar a sua decadência, que se acentuou com a perda definitiva da sua categoria episcopal.

Da Guerra da Restauração aos nossos dias

 

No contexto da Guerra da Restauração da independência portuguesa, vítima dos assaltos espanhóis entre 1640 e 1646, a cidade foi bastante prejudicada, vindo a vivenciar a paralisação da agricultura e do comércio, suas principais fontes de renda. A partir de 1644, o Conselho de Guerra de D. João IV (1640-1656) determinou a modernização e reforço das suas defesas, quando ganhou linhas abaluartadas, adaptadas aos tiros da artilharia da época. Eram alcaides-mores do castelo à época, os Távoras, que muito contribuíram para a defesa transmontana, dignidade que mantiveram até às execuções de Belém. Entre os episódios bélicos do período destaca-se o cerco imposto pelas tropas espanholas à cidade em 1646, do qual só seria libertada pela ação do Governador da Província, Rodrigo de Alarcão.

Mais tarde, no contexto da Guerra da Sucessão Espanhola, a cidade foi tomada à traição e a sua guarnição aprisionada (8 de Julho de 1710). O crime foi perpetrado pelo sargento-mor Pimentel que a entregou ao marquês de Bay pela quantia de 600 dobrões. O contra-ataque português ocorreu no ano seguinte, quando a cidade foi cercada pelas tropas do conde da Atalaia, D. João Manuel. Tomando de assalto as obras exteriores, abriram uma brecha nas muralhas, recuperando a cidade e aprisionando a guarnição espanhola (15 de Abril de 1711).

No contexto da Guerra dos Sete Anos, na campanha de 1762, a província de Trás-os-Montes foi invadida e saqueada pelas tropas espanholas sob o comando do marquês de Sarria. Um novo cerco foi imposto a Miranda do Douro, que mantinha denodada resistência até que a explosão de 1.500 arrobas de pólvora em um dos paióis, devastou o seu castelo, causando extensos danos ao casario e às muralhas, vitimando cerca de 400 pessoas (8 de Maio de 1762). Em função do sinistro evento, a cidade veio a capitular. Embora a apuração do fato jamais tenha apontado um responsável, a opinião popular imputou ao Governador Militar da praça a traição, havendo quem afirmasse ter visto o mesmo bandeando-se para o campo inimigo na ocasião. A cidade veio a ser recuperada pelas tropas portuguesas, sob o comando do conde de Lippe, no ano seguinte, vindo a paz a ser assinada em 10 de novembro de 1763.

Cerca de meio século mais tarde, a cidade entraria em prontidão uma vez mais, desta vez no contexto da Guerra Peninsular, alvo das tropas napoleônicas.
Em meados do século XX as ruínas do castelo foram classificadas como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 20 de Outubro de 1955.

Características

 

O castelo apresentava planta no formato quadrangular, sendo as suas muralhas, em granito e xisto, ameadas e reforçadas nos três ângulos externos por cubelos (dois de planta retangular e um, hexagonal), envolvendo uma considerável praça de armas, atualmente reduzida a um amplo terreiro.
A Norte, o conjunto é dominado pela Torre de Menagem, na cota de 682 metros acima do nível do mar.
A cerca da vila abarcava um perímetro total de seiscentos passos, rasgada por três portas de arco quebrado:
  • a Porta da Senhora do Amparo, ao fundo da rua da Costanilha;
  • a Porta Falsa, junto à zona do castelo; e
  • o Postigo, a leste, sobre a margem do rio Douro.


Cronologia



857 - provável conquista da povoação aos mouros;
1136 - D. Afonso Henriques concede foral a Miranda e converte-a em praça de guerra, apesar de existir já uma fortificação;
1213 - Miranda é restituída a Portugal por Afonso IX de Leão;
1217 - D. Afonso II confirma o foral;
1286 - D. Dinis concede foral e processam-se obras na mesma;
1294 / 1299 - D. Dinis manda reedificar o castelo;
1325 - elevação à categoria de vila;
1371 - Miranda é restituída após o Tratado de Évora;
1383 - melhoramento das muralhas e concessão da praça a Pedro Homem de Távora;
1400 - o Mestre de Alcântara põe cerco à Praça;
1408 - conversão da vila em couto de homiziados;
1449, 28 Junho - o castelo de Bragança, conjuntamente com o da cidade, o castelo de Outeiro e Miranda e outras terras foram doadas por juro e herdade por D. Afonso V ao I Duque de Bragança; séc 16 - desenhoe de Duarte de Armas, mostrando planta quadrangular irregular, adaptando-se ao terreno, composta pelo castelo, muralha que envolvia a povoação e barbacã; tore de menagem quadrangular, formando com mais quatro torres poligonais, praça de armas, no centro da qual se situa o poço, considerado como muito bom; portas protegidas por torres laterais;
1510 - D. Manuel outorga foral novo;
1540 - a bula papal "Pro Excellente Apostolicae" transforma a vila em diocese;
1545 - D. João III eleva Miranda a cidade; 1646 - intervenção das tropas na guerra da Restauração; 1664 - D. João IV manda reedificar o castelo preparado para usos de artilharia;
1710 - o castelo cai nas mãos de Castela;
1746 - obras dirigidas por Luís Xavier Bernardo;
1762 - explosão do paiol de munições, com cerca de 1500 arrobas de pólvora, destrói grande parte da cidadela, levando à queda da praça, ao fim de três meses;
1804, 28 Dezembro - informação de que a Província de Trás-os-Montes não tinha praça, forte ou fortaleza ou artilharia alguma de préstimo, devido à invasão espanhola de 1762 ter arruinado a Praça de Chaves, a de Bragança e a de Miranda, assim como alguns castelos;
1861, 23 Setembro - circular do Ministro da Guerra sobre a situação das fortificações da Província; 5 Outubro - em resposta, informa-se que nesta divisão militar não existia praça, forte ou castelo, porém uns troços de antigas obras permanentes cujo estado de abandono atestava em absoluto a sua inutilidade; em caso de guerra, poderiam resistir a simples golpes de mão, o Forte de São Neutel e os fragmentos das muralhas de Chaves e Praça de Miranda do Douro, auxiliadas por meio de cortaduras e outras obras de fortificação;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92.



Castelo de Bragança






O Castelo de Bragança, em Trás-os-Montes, localiza-se na povoação, Concelho e Distrito de Bragança, em Portugal.
No extremo nordeste do país, envolvendo o centro histórico da povoação, à margem do rio Fervença, é um dos mais importantes e bem preservados castelos portugueses. Do alto de seus muros avistam-se as serras de Montesinho e de Sanabria (a Norte), a de Rebordões (a Nordeste) e a de Nogueira (a Oeste).


Em meados do século X, à época do repovoamento da região de Guimarães pelo conde Hermenegildo Gonçalves e sua esposa Mumadona Dias, os domínios de Bragança tinham como senhor um irmão de Ermenegildo, o conde Paio Gonçalves. Posteriormente, o senhorio passou para a posse de um ramo da família Mendes, encontrando-se, conforme mencionado em documento datado 7 de Julho de 1128, no domínio de Fernão Mendes, cunhado de D. Afonso Henriques (1112-1185). Considera-se que, nesse período, por razões de defesa, a povoação tivesse sido transferida para o atual sítio, no outeiro da Benquerença, à margem do rio Fervença, reaproveitando-se os materiais na construção das novas residências e de um castelo para a defesa das gentes.

As informações, mais seguras, entretanto, referem que, pela importância de sua posição estratégica sobre a raia com a Galiza, em 1187 recebeu Carta de Foral de D. Sancho I (1185-1211). Este soberano dotou, à época, a povoação com a primeira cerca amuralhada (Março de 1188). Os conflitos entre este soberano e o rei D. Afonso IX de Leão levaram a que esta região fosse invadida pelas forças leonesas (1199) até à reação do soberano português.

Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), determinou-se erguer um segundo perímetro amuralhado (1293), o que indica a prosperidade do povoado. O seu sucessor, D. Afonso IV (1325-1357), ao subir ao trono, confiscou os bens de seu irmão ilegítimo, D. Afonso Sanches, que então residia na vila de Albuquerque. Defendendo os seus interesses, D. Afonso Sanches declarou guerra ao soberano e invadiu Portugal pela fronteira de Bragança, matando gentes, saqueando bens e destruindo propriedades. A paz seria acordada, com dificuldade, pela viúva de D. Dinis, a Rainha Santa Isabel.

Posteriormente, já sob o reinado de D. Fernando (1367-1383), recebeu obras de beneficiação. Nesta fase, tendo este soberano se envolvido na disputa sucessória de Castela, Bragança foi cercada e conquistada pelas tropas castelhanas, retornando à posse portuguesa apenas mediante a assinatura do Tratado de Alcoutim (1371). Na crise de 1383-1385, aberta pela sucessão deste soberano, a lealdade do alcaide de Bragança, João Afonso Pimentel, oscilou entre Portugal e Castela: partidário da herdeira D. Beatriz e de seu esposo João I de Castela, apenas por diligências do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, em 1386, veio a reconhecer a soberania de D. João I (1385-1433). Porém, em 1398, tendo o novo soberano deixado impune o assassino de sua filha D. Brites, o alcaide de Évora, Martim Afonso de Melo, como represália retornou ao partido de Castela, para onde emigrou, fazendo-lhe menagem da sua povoação e castelo, que só retornariam à posse portuguesa, agora pelo Tratado de Segóvia (1400). D. João procedeu-lhe, a partir de 1409, à modernização e reforço das defesas, obras inscritas na tarefa maior que se impôs, de reforço daquela fronteira. O casamento de D. Afonso (1° Conde de Bragança), filho bastardo de D. João I, com D. Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira, inaugurou a Casa de Bragança. 

Data desse período a construção da imponente torre de menagem, estando as obras concluídas por volta de 1439, no reinado de seu sucessor, D. Duarte (1433-1438). D. Afonso V (1438-1481) elevou a vila de Bragança à condição de cidade (1466).
Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509).


Da crise de sucessão de 1580 aos nossos dias

 

Durante a crise de sucessão de 1580, Bragança tomou partido por D. António, Prior do Crato. No século XVII, ao se encerrar o período da Dinastia Filipina, quando da Guerra da Restauração da independência portuguesa, a cerca do antigo castelo perdeu diversas ameias, devido à instalação de peças de artilharia no espaço dos adarves.Em 1762, as tropas espanholas que invadiram Trás-os-Montes sob o comando do duque de Sarria, assaltaram os muros do castelo e as casas que então se colavam às muralhas, causando extensos danos. Foram repelidas pelas forças portuguesas sob o comando do conde de Lippe.

Às vésperas da Guerra Peninsular, o trecho leste dos muros foi aproveitado para a construção do aquertelamento de um batalhão de infantaria. Nesse período repeliu as tropas napoleônicas, fase em que a região conviveu com nova ondas de saques e pilhagens.
No século XX, o castelo foi classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910. A partir da década de 1930 a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) iniciou-lhe extensa intervenção de consolidação e restauro, que compreenderam a inclusão de ameias em toda a extensão dos muros, a demolição do quartel oitocentista e de diversas edificações adossadas aos muros, bem como a reposição de troços desaparecidos de muralhas e a recente reconstrução da Porta da Traição.

Desde 1936, um museu histórico-militar está instalado nas dependências da torre de menagem (inicialmente apenas em um dos pavimentos), um dos mais movimentados do país.



Cronologia

Época romana - a povoação, já existente, terá ganho importância estratégica, ao situar-se na confluência de várias estradas militares; Júlio César transforma a povoação em praça militar;
séc. 12 - D. Afonso Henriques encarregou o cunhado, Fernão Mendes, de fundar uma povoação no outeiro de Benquerença, onde se construiu castelo; povoação foi cercada pelo exército leonês, na sequência do repúdio da infanta D. Teresa, irmã de D. Sancho I, provocando vários estragos;
1130 - é referida com o nome de Benquerença;
1187 - doação de foral por D. Sancho I e reedificação do castelo;
1253 - D. Sancho II doa foral, denominando a povoação "Bragança" e construiu altas muralhas à volta da mesma;
1279 - 1325 - provável reconstrução do imóvel, por ordem de D. Dinis, com a erecção de segunda muralha;
séc. 14 - na sequência da confiscação dos bens de Afonso Sanches por D. Afonso IV, a povoação foi assolada pelas tropas afectas do primeiro;
2.ª metade - na sequência da guerra entre Henrique I de Castela e D. Fernando, a povoação foi tomada pelos castelhanos até ao Tratado de Alcoutim (1371);
1383 - 1385 - o alcaide era João Afonso Pimentel, casado com a irmã da rainha, D. Leonor Teles (Joana Teles, que recebera a povoação como dote), o qual mudou várias vezes no apoio à causa castelhano ou à do Mestre de Avis;
1401 - origem da Casa de Bragança, pelo casamento de D. Afonso, conde de Barcelos e I Duque de Bragança com D. Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira;
1409 - reconstrução e edificação da torre de menagem, a mando de D. João I, o qual cobrou impostos para financiar a obra, incluindo diversos arranjos nas muralhas e caminho de ronda; construção da cisterna, denominada Poço del-Rei;
1449, 28 Junho - o castelo de Bragança, conjuntamente com o da cidade de Chaves, o castelo de Outeiro e Miranda e outras terras foram doadas por juro e herdade por D. Afonso V ao I Duque de Bragança;
1464 - D. Afonso V atribui-lhe o título de cidade, a pedido de D. Fernando, Duque de Bragança; séc. 16 - desenhada por Duarte de Armas, de planta ovalada irregualr adaptando-se à topografia do terreno, com muralha, barbacã, protegida por cubelos circulares, em algumas partes arruinada, enorme torre de menagem com guaritas de ângulos e rasgada por várias janelas de volta perfeita, ligada por passadiço à Torre da Princesa, com várias janelas e seteiras; cisterna junto à praça de armas;
1511 - doação de foral por D. Manuel I;
séc. 17 - obras de adaptação nas torres, na sequência das necessidades da Guerra da Restauração; 1727 - D. João V manda fazer obras gerais na fortificação;
1762 - invasão espanhola do marquês de Sarriá destruiu as torres e casas adossadas às muralhas; séc. 18, final - a cidade foi invadida pelos franceses;
1789, 25 Março - informação do estado de ruína do telhado da torre do castelo, solicitando-se ao rei autorização para o consertar; depois da conclusão da obra, queria-se fazer recolher ao mesmo castelo os armazéns da praça e dos regimentos;
1804, 28 Dezembro - informação de que a Província de Trás-os-Montes não tinha praça, forte ou fortaleza ou artilharia alguma de préstimo, devido à invasão espanhola de 1762 ter arruinado a Praça de Chaves, a de Bragança e a de Miranda, assim como alguns castelos;
1816, 31 Julho - precisavam-se das seguintes obras na praça de Bragança: fazer seis guaritas para as sentinelas, indispensáveis porque colocadas nos armazéns de pólvora e cadeia, se achavam ao rigor do tempo os corpos de guardas; precisavam ser telhados e receber alguns pequenos consertos nas janelas e fechaduras nas portas, cuja despesa não excederia a quatro moedas;
1829 - governador de Bragança solicita mandar reparar o telhado do armazém existente no castelo, por se achar muito arruinado;
1829 - obras no armazém do castelo;
1861, 23 Setembro - circular do Ministro da Guerra sobre a situação das fortificações da Província; 1936 - instalação do Museu Militar na torre de menagem;
1960 - o Batalhão de Caçadores 3 abandona as instalações na cidadela;
1964 - obras no castelo para beneficiação da Domus Municipalis;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92;
2006 - restauro das casas da cidadela, pela Câmara Municipal, utilizando fundos comunitários, no âmbito do programa POLIS.


Castelo de Rebordãos / Castelo de Tourões

 






O Castelo de Rebordãos, também conhecido como Castelo do Tourão, localiza-se na povoação e freguesia de Rebordãos, Concelho e Distrito de Bragança, em Portugal.
Erguido sobre um penedo rochoso, em posição dominante sobre a povoação, é naturalmente defendido pelos lados Oeste e Norte. Do alto de seus muros avistam-se os vizinhos Castelo de Bragança, Castelo de Vimioso, Castelo de Outeiro de Miranda, Castelo de Penas Róias, Castelo de Miranda do Douro e as terras para além do rio Douro, até Zamora, na Espanha.

História

 

Embora não existam informações abundantes acerca do primitivo povoamento de Rebordãos, deveria constituir-se em um núcleo de certa importância à época da Independência de Portugal. Quando D. Sancho I (1185-1211) promoveu a afirmação de sua autoridade no Nordeste transmontano, esta povoação recebeu Carta de Foral, passando a vila e sede de Concelho (1208). Datará desta época, princípios do século XIII, o início da sua fortificação.

Com o advento da Idade Moderna, a povoação e seu castelo perderam expressão, culminando com a mudança da vila para novo local, mais Sudoeste, no século XVI, onde se fizeram erguer a Casa da Câmara e o pelourinho.

No início do século XIX, Rebordãos deixou de ser sede de Concelho. O castelo medieval encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 20 de Outubro de 1955. Dec. nº , DG 228 de .
Atualmente em ruínas, alguns dos testemunhos arqueológicos recolhidos em seu perímetro, como restos de cerâmicas, moedas, setas, esporas, e outros, podem ser observados no Museu de Bragança. O conjunto carece, entretanto, de novas pesquisas.


Cronologia

1208 - Foral dado por D. Sancho I;
1285 - D. Dinis concede novo foral à povoação vizinha e refere Rebordãos;
1992, 1 Junho - o imóvel foi afecto ao IPPAR, pelo Decreto-lei 106F/92.




Fortaleza do Outeiro












O Castelo de Outeiro de Miranda, mais conhecido como Fortaleza do Outeiro, localiza-se na povoação e Freguesia de Outeiro, Concelho e Distrito de Bragança, em Portugal.
Em posição dominante no alto do chamado Monte do Castelo, cerca de um quilômetro a Leste do lugar do Outeiro, a meio caminho entre Bragança e Vimioso, esta fortificação tinha, na Idade Média, a função de vigia da fronteira de Trás-os-Montes com o reino de Leão.

História

 

Antecedentes

 

Embora sejam escassas as informações acerca da primitiva ocupação humana de seu sítio, os testemunhos arqueológicos evidenciam a sua ocupação durante a romanização, quando aqui teria existido o estabelecimento agrícola de um particular.

O castelo medieval

 

A atual configuração do castelo remonta ao reinado de D. Dinis (1279-1325), quando terá sido reconstruído. Neste período, Santa Maria de Octeyro é referida como paróquia (1287) e, uma década mais tarde, nas Inquirições de 1297, é mencionada a povoação de Outeiro de Miranda.

Sob o reinado de D. Fernando (1367-1383), quando da invasão de Henrique II de Castela no verão de 1369, a povoação terá sido assaltada, uma vez que uma petição dos habitantes, à época solicita ao soberano o reparo do seu castelo.

Durante a crise de 1383-1385, a povoação e seu castelo apoiaram o partido de D. Beatriz. Acredita-se que tenham sido conquistados no Inverno de 1386, quando do cerco de Chaves pelas forças de D. João I (1385-1433). Posteriormente, visando reforçar o seu povoamento e defesa, o soberano concedeu isenção do pagamento de tributo a todos os que construissem casas dentro da cerca do castelo, então terminado de reconstruir (1414), e alargou-lhe o termo do Concelho (1418). Datam desse período a reconstrução das muralhas do castelo e o aumento da cerca da povoação.

Em 1443, o regente D. Pedro determinou ao alcaide do castelo a entrega deste ao duque de Bragança, que passava a assumir essas funções.
Sob o reinado de D. Afonso V (1438-1481), o soberano concedeu dispensa aos moradores de guarnecer o Castelo de Outeiro de Miranda (1449). O seu filho e sucessor, D. João II (1481-1495), determinou a reconstrução de suas defesas dentro do corregimento das fortalezas de Trallos Montes (1493).

A fortificação de Outeiro encontra-se figurada por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509), destacando-se o conjunto formado pela Torre de Menagem retangular, adossada a um baluarte. O rei D. Manuel I (1495-1521) concedeu-lhe Foral, tendo a vila se transferido do outeiro para o vale. Data desta fase o início do período de progressivo abandono e ruína do castelo medieval.

Da Guerra da Restauração aos nossos dias

 

Ao final do século XVII o castelo foi assaltado por tropas espanholas, no contexto da Guerra da Restauração. O mesmo se repetiria, cerca de um século mais tarde, em 1762.
O concelho foi extinto em 1853, mantendo o velho castelo abandonado fora do movimento de redescoberta dos monumentos medievais empreendido pelo Romantismo.

Também alheio à onda de restaurações dos antigos monumentos militares promovida pelo Estado Novo português no século XX, apenas veio a ser classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 20 de Outubro de 1955. A intervenção do poder público só se fez sentir, entretanto, por ação da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), em 1993, através de obras de beneficiação.
Atualmente o monumento carece de maiores pesquisas, principalmente arqueológicas.

Características

 

O Castelo de Outeiro de Miranda, na cota de 812 metros acima do nível do mar, apresenta planta ovalada irregular orgânica, com espessa muralha em pedra de granito, abundante na região.
Em seu interior identifica-se a ruína de uma construção retilínea, com vão dintelado, onde foi erguido um marco geodésico.
O acesso era efetuado por uma porta em arco pleno, da qual são visíveis os seus vestígios.
No lado Sul, identificam-se ainda os restos de um baluarte.



Cronologia

Época romana - são inúmeros os vestígios, nomeadamente cerâmicos, de ocupação neste período; 1287 - o local é referenciado como sede da paróquia de Santa Maria de Octeyro;
séc. 13 / 14 - presumível construção do castelo, no reinado de D. Dinis;
1297 - nas Inquirições, surge uma referência a Outeiro de Miranda, nome da primitiva povoação; 1369 - invasão das tropas castelhanas, terão afectado a construção, pois surge uma petição dos moradores a pedir o arranjo da fortificação;
1383 - durante a crise dinástica, apoiou o partido castelhano, sendo devastada pelas tropas do Mestre de Avis;
1414 - D. João I concede isenção do pagamento de tributo a todos os que construirem casas dentro da cerca do castelo, então terminado de construir;
1418, 23 Fevereiro - notícia de obras, em princípio por iniciativa régia (MONTEIRO, João Gouveia, op. cit., p. 128), sendo a povoação muito pequena e a necessitar de ser alargada;
1443 - o regente D. Pedro ordena ao possuidor do castelo a sua entrega ao duque de Bragança, a partir desta data alcaide dessa fortaleza;
1449, 28 Junho - o castelo de Bragança, conjuntamente com o da cidade de Chaves, o castelo de Outeiro e Miranda e outras terras foram doadas por juro e herdade por D. Afonso V ao I Duque de Bragança; D. Afonso V concede aos moradores de Outeiro de Miranda a escusa de velar o respectivo castelo;
séc. 15, final - D. João II mandou reconstruir a praça;
1509, cerca - descrição da fortificação por Duarte d'Armas, como possuindo um pátio lobular com torre de menagem rectangular, numa posição pouco convencional ( na opinião de MONTEIRO, p. 61 ), por estar encostada a um baluarte, e várias construções elevadas num afloramento rochoso, além de uma barbacã em forma de D; segundo a mesma fonte, os muros possuíam diversos elementos defensivos, como os hurdícios, ou balcões com matacães, e as troneiras, que portegiam as portas, inscritas nas próprias torres; a linha de muralha alcançava uma extensão de cerca de 95,26 m., sem contar com o baluarte e a torre de menagem;
1514 - D. Manuel I concede foral a Outeiro de Miranda; a vila transferiu-se para o vale, começando a decadência do castelo;
séc. 17 - a praça é assolada na Guerra da Restauração;
1762 - foi atacada pelas tropas castelhanas;
1811 - o castelo tinha o posto do governador vago.


Informação retirada da wikipédia; Imagens extraidas da página monumentos.pt