sexta-feira, 1 de abril de 2011

Teatro em Algoso

Percorrendo Trás‐os Montes, em 1962, em busca de moinhos que lhe espicaçassem o imaginário para se abalançar a uma película sobre o pão, em
que de há muito vinha cogitando, cerca da Curalha, fixou‐se o cineasta cristão
Manoel de Oliveira em três cruzes de rústica madeira, simetricamente coloca-
das à beira de uma estrada. Inquirindo a sua razão de ser, foi informado de que,
naquela aldeia, iria, uma vez mais, ter lugar uma representação popular do Auto
da Paixão, de Francisco Vaz de Guimarães, discreto dramaturgo português de
quinhentos, e de que os intérpretes seriam os próprios habitantes da região.1

1. Tais representações têm‐se sucedido ainda nos séculos XX e XXI, só me tendo sido possível recolher uma informação muito lacunar. Em Teatro Popular Mirandês (Instituto de Desenvolvimento Social, Lisboa, 2002), Valdemar da Assunção GONÇALVES, citando diversas fontes, dá‐nos conta de espectáculos em Ifanes (1903), em Caçarelhos (1939), em Algoso (Vimioso), em Genísio e em Duas Igrejas (1948), declarando possuir cópia de texto de 1956 recolhida em Caçarelhos. Em Teatro Popular Português. Trás‐os‐Montes. I Religioso (Braga, Pax, 1968) Azinhal ABELHO referira representações em Moimenta, Duas Igrejas, Curalha e Bustelo, localidade onde assistiu à função do casco cujo texto recolheu. Uma simples pesquisa na Internet põe‐nos ao corrente de repetições em 2005 (Bustelo) e 2006 (Fatela, Santo António de Monforte e Sonim‐Valpaços)

A Oração No Horto: um Auto quinhentista e suas recuperações, Via Spiritus 14 (2007) 91-108

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