sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tradições: As festas em Algoso




(...)Em Algoso, concelho de Vimioso, os mordomos tiram a esmola para a festa de Nossa Senhora do Castelo, celebrada a 15 de Agosto, acompanhados por uma banda de musica, e na cauda da procisão, no dia da festa, seguem muitas juntas de bois levando nos jugos sacos de centeio ou trigo em sinal de agradecimento à Senhora por lhes livrar as crias das moléstias ou fertilizar os campos. Este costume dos bovinos com cereal nas procissões usa-se em muitas terras bragançanas.

No dia seguinte, isto é, a 16 de Agosto, celebram a festa de São Roque, advogado da peste, como São Sebastião, indo também as crias na procissão. A esmola é obtida pelos mordomos acompanhados por uma dança de pauliteiros e gaiteiros, que se exibem diante das casas que deram a esmola. De tarde os mesmos pauliteiros organizam uma dança em frente à igreja matriz, mas os paulitos são substituidos por uma garrafa com vinho, um prato com arroz doce e um pernil de porco. A habilidade dos dançarinos consisten em utilizar estes mantimentos, que passam uns dos outros com rapidez, sem alterar a ordem da dança e, como nem sempre o conseguem, enlambiscando-se e manchando-se, o povo exulta, soltando estrepidosas gargalhadas.
Findo este número, executam varios laços e vão obtendo esmolas para o santo pondo o seu chapeu de dançantes na cabeça dos assistentes.


A Festa de Santo Estevão em Algoso, concelho de Vimioso, é celebrada a 26 de Dezembro, mas começa no dia 13 deste mês pela estúrdia do rapazio que munido de chocalhos percorre de noite a vila fazendo barulheira ensurdecedora com chocalhada e gritaria dando vivas ao Santo. Os mordomos desta festa são doze, designados por nomes extravagantes, como segue: Juiz, Bispo, Caudatário, Ajudante de Ordens, etc. Finda a festa religiosa, os mordomos cotizam-se, compram vinho e percorrem o povoado dando vivas ao Santo e vinho a quem quer beber, no meio de algazarra enorme e chocalhada da rapazio.
A circunstancia de estas festas começarem a 13 de Dezembro parece relacionar-se com um ciclo de festas francesas durante doze dias referido por Luís Chaves.(...)


ALVES, Francisco Manuel; AMADO, Adrião Martins. Vimioso. Notas monográficas. Coimbra: 1968.

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